quinta-feira, 1 de setembro de 2011


TEMPO DE MUDAR

Homilia 3ª feira da 22ª semana do Tempo Comum Ano A – 30/08/11
Sem. Luiz Fernando Aparecido Azeredo – 1º ano Filosofia – Diocese de Taubaté

1ª leitura: 1Ts 5, 1-6. 9-11
Sl: 26 (27), 1.4.13-14 (R/.13)
Evangelho: Lc 4, 31-37

1ª leitura: Jesus Cristo morreu por nós, para que alcancemos a vida junto dele.
Sl: Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver na terra dos viventes.
Evangelho: “Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus.”


Revmo Sr. Reitor Pe. Antonio Fernando da Costa
Amados irmãos Seminaristas


Na primeira leitura de hoje podemos destacar a importância da espera, da vigilância. Não temos certeza da próxima vinda do Senhor. Paulo afirma não conhecer esse dia. O dia do Senhor virá como um ladrão é preciso vigiar, o tempo é breve.
Paulo chama a atenção daqueles que pensam que este dia é iminente. As idéias sobre a conversão dos gentios levam mesmo a pensar que a espera poderá ser longa.
Na pregação de Paulo ele diz: Deus nos salva por Jesus Cristo, que morreu por nós. Quando ele cita: “... na vigília ou no sono...” (vers. 10) significa novamente “vivos ou mortos”, ou seja, todos os fiéis participarão da Salvação.
Devemos antes de tudo vigiar a nossa vida. Como ela está? O que estamos fazendo dela? Será que estamos dando bons testemunhos de cristãos? Será que vivemos realmente a nossa vocação ao sacerdócio? Quantas e quantas pessoas nesse mundo ainda têm duvida da sua vocação e nem por isso deixam de viver a vida como cristãos.
É só observarmos a vida dos santos. Como sofreram, ficaram magoados, duvidosos e espantados com a sociedade que vivia na época. Sem dúvida, esses santos seguiram um único modelo de santidade, Jesus Cristo. Com toda a sua prática do amor, com seus sofrimentos, e principalmente com sua morte nos deixou uma bonita lição de amar os irmãos.
Contudo, somos chamados a aprendermos essa lição e partir pelo mundo anunciando sua palavra. Não o mundo todo literalmente falando, mas o nosso mundo interior, espiritual e principalmente o da convivência com as pessoas, sejam elas religiosas ou não. Por isso, não devemos esperar muito tempo, é hora de começarmos a mudar tudo que está parado, num lugar só. Assim como nós mudamos os móveis e objetos de lugar acrescentando coisas novas, o mesmo devemos fazer para conosco.
Como dizia Santo Agostinho: “Deus está mais próximo de nós do que nós de nós mesmos.” Ele está conosco em tudo, em todos os momentos de nossa vida, nos vigiando, nos alertando, nos ajudando e muitas vezes não conseguimos sentir essa presença divina pelo simples fato de não nos colocarmos disponíveis à graça de Deus.
Hoje vemos como a atividade de ensinar foi, para Jesus, a missão central de sua vida pública. Porém a pregação de Jesus era muito diferente da dos outros mestres e isso fazia com que as pessoas se espantassem e se admirassem. Certamente, ainda que o Senhor não tivesse estudado, desconcertava a todos com sua doutrina, porque falava com autoridade. Seu estilo possuía a autoridade de quem se sabia o “Santo de Deus”.
Não há dúvida de que Jesus era um bom observador, homem próximo das situações humanas: ao mesmo tempo em que o vemos ensinando, também o contemplamos perto das pessoas fazendo-lhes o bem (curando as doenças e expulsando demônios, etc.). A palavra do Senhor era sempre profunda, inquietante, radicalmente nova, definitiva.
A Palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante que uma espada de dois
gumes. Aos que buscam a Cristo, que é a Palavra, o Poder e a
Sabedoria de Deus, fica bem declarada nesta expressão da Escritura toda a
grandeza, força e sabedoria Daquele que é a verdadeira Palavra de Deus.
Esta Palavra, eterna como o Pai desde o princípio, foi revelada
no devido tempo aos apóstolos e por eles anunciada aos povos e humildemente
acolhida com fé.
O mais admirável da fala de Jesus Cristo, era esse saber harmonizar a autoridade divina com a mais incrível simplicidade humana. Autoridade e simplicidade eram possíveis em Jesus graças ao conhecimento que possuía do Pai e de sua relação de amorosa obediência a Ele (Mt 11,25-27). Esta relação com o Pai é o que explica a harmonia única entre a grandeza e a humildade. A autoridade de seu falar não se ajustava aos parâmetros humanos; não havia disputa, nem interesses pessoais ou desejo de sobressair. Era uma autoridade que se manifestava tanto na sublimidade da palavra ou da ação como na humildade e simplicidade. Não houve nos seus lábios nem alabança (elogio) pessoal, nem soberba nem gritos. Mansidão, doçura, compreensão, paz, serenidade, misericórdia, verdade, luz, justiça... Foi o aroma que rodeava a autoridade de seus ensinos.
Devemos viver com autoridade sobre a nossa vida, devemos afastar de nós os espiritos impuros que nos levam a pecar cotidianamente. Devemos reconhecer que somos pecadores e por isso aceitar erros e acertos, pois sabemos que não somos perfeitos. Somos os futuros padres dessa Igreja de Cristo, futuros colaboradores do Reino. E precisamos antes de tudo aprender e cuidar de nossa vida, cuidar da alma e do corpo, principalmente o corpo que nos leva a pecar; a consciência, que depois do erro nos pesa muito...
Precisamos nos preparar já e não deixar pra depois. O povo precisa ser ensinado e principalmente curado das feridas do pecado. Ensinar o povo na fé cristã, ensinar a viver, a amar, a ter paz, união, participação; curar as feridas da alma, perdoar os pecados sejam eles qual forem, perdoar os irmãos, curar a ferida da solidão, do materialismo.
Hoje muitas e muitas pessoas tem tudo na vida, mas não tem seu coração aberto pra graça de Deus, vive sozinha, não precisa de ninguem...
Assim somos nós, conhecedores da palavra de Deus, conhecedores da doutrina católica, participantes do banquete eucarístico de Cristo, muitas vezes nos fechamos para a graça de Deus e não deixamos Ele agir nesse coração duro e frio. É preciso deixar Ele tomar conta de nós, nos animar e encher a nossa vida de fé e amor. Deixemos Deus tomar conta de nós. Não tenhamos medo. Sejamos perseverantes e construtores do Reino dos céus e não destruidores. Hajamos como se já fossemos padres, vivamos o sacerdócio desde agora, não deixemos pra depois de ordenar não. Assumamos verdadeiramente o que somos e seremos recompensados nos céus por tudo o que realizarmos na terra.
Se precisarmos de alguma força não nos esqueçamos da Mãe, a Virgem Maria. Ela foi e é o primeiro e grande exemplo humano que a humanidade tem de santidade nesse mundo. Jesus é divino e se fez humano, já Maria não, ela é cem por cento humana e participa da divindade, como Rainha dos céus e da Terra.
Portanto, sejamos firmes e fortes na fé, assumamos verdadeiramente a causa do Reino e contemos sempre com a intercessão de Maria quando vier as dificuldades. E nós não poderiamos deixar de nos despedirmos do mês vocacional sem antes lembrar de uma bela frase do Monsenhor Manoel Azeredo Brito que fez dele um padre simples, humilde e de muito respeito por toda a sua vida e que eu a partir do momento que soube, adotei pra minha vida e levo em meu coração é: “Padre pra sempre padre, pra sempre padre eu serei.” Deus nos ajude na caminhada e que sejamos, se for de Sua vontade, padres, pra sempre padres.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado.


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